Gameplay: Pária, um jogo de Redenção.

Pária é um jogo sobre reputação e redenção escrito por Cezar Capacle, da Not A Girrafe Studio. Resolvi fazer um gameplay escrito dele, já que o Cezar já fez um gameplay em vídeo que está muito bom. O jogo está com um preço bem bacana no Dungeonist. Vale a pena conferir.

O sistema é bem redondo na proposta dele: você é alguém que foi ostracizado da sua sociedade e agora tem uma missão que é a chance de se redimir. Simples, rápido e efetivo: como a maioria dos sistemas do Cezar.

Então, sem mais demoras e rasgação de seda, vamos de jogatina! Todas as rolagens no jogo são com dados de 6 lados, vou sinalizar no texto quando houverem rolagens colocando colchetes assim: [4, 2] Resultado da tabela.


Meu cenário

Vou rolar algumas vezes no oráculo de cenário, para criar um mundo e definir algumas coisas sobre ele. Os resultados são os seguintes: [6, 6]Gigante, [2, 4] Ciência, [3, 2] Mágico, [4, 1] Fogo

Gigante, Ciência, Mágico, Fogo. Com certeza Fogo e Mágico quero que estejam juntos. Mas Gigante eu não tenho certeza de como quero colocar na minha história. Vou rolar no oráculo 3, para apimentar esse aspecto “Gigante” do meu mundo. [3, 4] Inércia. Foi o que precisava.

E assim como sempre, um oráculo solo sempre te surpreende. Ao ver “inércia” relacionado com gigante já forma na minha cabeça todo um mundo:

Uma nave multi-geracional, gigante atravessa o espaço profundo. Dizem os mais velhos que ela tem um destino, e esse destino ainda está há algumas gerações de distancia. Muitos acreditam que a nave funciona apenas por magia, uns poucos ainda sabem a verdadeira ciência que movimenta a nave. Seu núcleo está morrendo, e se nada for feito, esse gigante, talvez a última esperança da humanidade, vai ficar inerte no espaço profundo.

Beleza. Já tenho uma nave com um conflito entre as pessoas que acreditam que está tudo bem (e que não devemos fazer nada e deixar a IA corrigir o curso e cuidar de tudo) e, é claro, nossa turma (por que eu sempre vou jogar de rebelde) as pessoas que querem que as coisas mudem, querem que o selo que prende o núcleo da nave seja quebrado e que eles estudem alternativas para a manutenção da nave, cujos componentes auto-reparáveis controlados por inteligência artificial vem provocando mais e mais falhas e setores isolados da nave. Sei que essa explicação tá bem falha e não se sustentaria num olhar mais crítico, mas pra mim faz sentido. Tenho mais tempo para ir refinando os detalhes durante o jogo.

Depois de feito esse mundo, tenho agora que fazer nossa missão. Uma sacada genial do jogo, já que como não temos ainda um personagem, a missão pode ser qualquer coisa e depois fazemos um personagem que se adapte a essa missão. [1, 2] Criar, [3, 6] Poder.

Criar Poder… O meu personagem tem a missão de conseguir religar uma das áreas da nave. O complexo de estudo. Na geração anterior, a IA-mãe que comanda a nave considerou que o complexo de estudo estava tomando muitos recursos da população e que manter ele ligado era um problema “a longo prazo” para a população. Meu personagem quer conseguir entrar nesse lugar e resgatar tomos que dizem o que fazer quando a IA-mãe está agindo de maneiras que vão contra o bem-estar da nave. Ele precisa criar um mecanismo que permita retomar o poder da mão da nave.

Então essa é a missão: Adentrar num setor isolado da nave e criar um meio de recuperar a independência das gerações futuras, principalmente tentar garantir que haverão gerações futuras.

Agora com a missão e o mundo definidos, olhamos para nosso pária e respondemos algumas perguntas:

Meu personagem geralmente aborda seus problemas com… [4,4] Perícia. Estou pensando num adolescente metido a hacker (erm, nada parecido comigo, cof cof).

Qual era o grupo ao qual eu pertencia? A Geração Gamma, uma das muitas gerações que viverão nessa nave. Nem os últimos, nem os primeiros, uma geração que passará a vida toda apenas continuando a espécie humana.

O que eles acham que eu fiz? Tive ideias radicais. Eu vejo como cada vez mais setores da nave estão isolados. Vejo os índices populacionais caindo. E eu não quero que isso acabe assim. A nave está cada vez menos sustentável. Precisamos tomar de volta o controle da nave. Encontrar um meio termo. Talvez procurar outro destino? Talvez até terraformar um planeta mais próximo que o destino original! Mas sem o código fonte da IA, nada disso é possível.

Como posso consertar as coisas? Se eu conseguir encontrar os códigos de acesso, eu posso mostrar os índices e o histórico para os anciões. Com a prova em mãos, eles vão ter que me escutar. Ver que não é possível manter o curso por mais tantas gerações. Que algo precisa ser feito.

Nada de nenhuma dessas respostas foi rolado em oráculo. Tudo só no bom-senso e na vontade de contar uma história legal. Mas o Pária recomenda usar o oráculo de inspiração caso sinta necessidade. Depois do mundo que eu criei no primeiro parágrafo, o resto veio naturalmente.

Mas agora preciso criar para meu personagem três trunfos e dois óbices. Trunfos são conhecimentos, habilidades e coisas do tipo que meu personagem vai poder usar para tentar resolver as cenas de maneira favorável a ele. E óbices são justamente as minhas desvantagens. Traumas, dívidas. Coisas que vão atrapalhar e pegar no meu pé.

No final do jogo, tem dois geradores de trunfos e óbices bem legais. Vou usar eles, por mais que já tenha pensando em várias coisas — talvez uma namorada, um pet robô modificado, um notebook “fora da rede” — vai ser legal gerar essa parte do personagem “no dado”:

Trunfo Um: [2,6] Dano. Talvez seja tabu na nave portar armas? (Oráculo 2: Quanto maior, mais comum ter armas… 1. Bastante tabu.)Eu tenho uma pistola blaster antiga. Nunca atirei com ela, na verdade nem tenho certeza que ela funcione. Meu contato garantiu que ela ainda tinha alguma carga. – Anoto na ficha: Blaster Antigo

Trunfo Dois: [4, 6] Detalhe. Meu avô era um antigo ancião. Ele me contou sobre a nave, e como que os anciões estavam sempre tentando esconder essas informações do declínio da expectativa de vida da população por medo de uma revolta. O trunfo aqui é ser filho de uma figura pública. – Anoto na ficha: Neto de Ancião

Trunfo Três: [6, 4] Condição. Eu tenho uma ótima condição física. Geralmente as pessoas não se exercitam muito, apenas a cota semanal mandatória da IA-mãe, mas meu pai sempre me deixou bem apto fisicamente para correr e escalar. – Anoto na ficha: Histórico de Atleta

Ok, essa parte foi bem legal de fazer. Saiu um pouco da ideia do hacker adolescente, mas ela ainda tá lá. Mas esses são trunfos que ele tem, não necessariamente o que define ele. Ele é um hacker adolescente com histórico de atleta.

Agora temos que gerar os óbices.

Óbice um: [5,6] Reviravolta. Esse foi difícil. Vou rolar no oráculo 3 para ver: [4,1] Abundância, [2, 2]Barreira. Eu já fui preso por organizar protestos junto com a juventude sobre esses ideais no passado. Passei um tempo no campo de trabalho da nave. Meu pai estava na comissão que me julgou e nunca perdoei ele por isso.

Óbice dois: [4,2] Detalhe. Rolando duas vezes no oráculo três tenho: [6,1] Trevas, [4,1] Fogo. Eu tenho um sonho recorrente, onde vejo a nave em chamas e a IA-mãe não sendo capaz de controlar o fogo. Inclusive tenho muito medo de chamas e coisas do tipo.

Então com isso temos o meu personagem, seus trunfos e óbices, uma missão e o mundo. Vou parar por aqui e deixar para rolar as cenas nos próximos posts.

Até a próxima.

Deixe um comentário